INTRODUÇÃO

Em novembro de 1973, começamos a pesquisar a aplicação da Lei do Aborto (Abortion Act). A única limitação que nos impomos foi que a pesquisa deveria ser restrita ao setor privado em que se fazem a maioria dos abortos, o que significa que excluímos o serviço de aborto da "National Health" (Saúde Pública).

Cerca de três anos antes, o "Comitê Lane", organização nomeada pelo governo, tinha procedido a semelhante projeto. O Relatório Lane é agora uma história gozada. Nossas descobertas e as do Comitê Lane são diametralmente opostas. Por isso esta reportagem se apresenta como uma alternativa ao relatório do governo.

Demos início à nossa pesquisa sem nenhum preconceito. Nenhum de nós pertencia - nem pertence agora - a movimento ou grupo contrário ao assunto. Sue, quando muito, tinha certa inclinação para o aborto legalizado. Michael nunca tinha tratado do assunto. Era um tópico que não nos havia interessado em absoluto em nossa área de atividade. Tampouco era um assunto que, ao menos no começo, iria suscitar grandes emoções. Começamos nosso trabalho totalmente desapaixonados e da maneira mais fria possível.

Michael nunca tinha ouvido falar na Sociedade para a Proteção dos Nascituros. Susan sabia da sua existência, mas não tinha nenhum conhecimento de suas finalidades e de suas motivações. Tampouco conhecíamos diretores ou membros dessa Sociedade.

Igualmente não tínhamos nenhuma ligação com a Sociedade para a Reforma da Lei do Aborto. Durante nossa pesquisa não tivemos nenhum contato com nenhuma dessas duas organizações antagonistas. Lançamo-nos à pesquisa, e nada mais!

Todas as citações que reproduzimos entre aspas foram gravadas por nós. Todos os documentos aos quais nos referimos estão em nosso poder. Todos os fatos que mencionamos, podemos provar. Chegamos às clínicas sem sermos anunciados ou apresentados, sem que ninguém soubesse da nossa verdadeira identidade. Apresentávamo-nos sempre como um casal - marido e mulher, ou solteiros, às vezes um de nós casado e outro solteiro - pechinchando nos supermercados de aborto. O Comitê Lane, ao contrário, se fazia anunciar previamente em todas as clínicas, e com muita antecedência, antes da sua "inspeção".

Susan passou por um exame de gravidez, feito pelo seu próprio médico, antes de começarmos as nossas "compras" de aborto. O teste foi negativo. Um ginecologista eminente examinou-a internamente. E o resultado foi que "ela não estava grávida, nem jamais o estivera". Entretanto, quando Susan foi examinada por ginecologistas que trabalhavam no setor particular do mercado de aborto, e quando fez diversos exames de urina, em todos eles recebeu este diagnóstico: "GRÁVIDA".

Consultamos um ginecologista famoso para que fizesse um exame interno, final e completo, em Susan. Seu veredicto foi absoluto: "Não está grávida, nunca esteve grávida, não existem em seu organismo anormalidades que possam levar um médico experimentado a diagnosticar gravidez".

Apesar disso, todos os ginecologistas que consultamos em nossa pesquisa estavam preparados para fazer um aborto em Susan, que nem sequer estava grávida! Bastava pagar em dinheiro, e adiantado.

Começamos nossa pesquisa onde muitas jovens começam, quando descobrem que estão grávidas contra a vontade: nos consultórios de gravidez.

Talvez alguns capítulos sejam prolixos, porém achamos melhor transcrever o diálogo sem cortes, partes, para que a linguagem fosse viva, natural, apresentando às vezes certa crueza. Deste modo, você pode assistir a um autêntico "Festival de Aborto".

Os Autores querem expressar aqui o seu agradecimento a todas as pessoas que colaboraram para a elaboração deste livro, especialmente os políticos, os médicos, os membros de diversas organizações voluntárias e os diretores da Serpentine Press Limited.


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