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A pessoa que mantém uma agência de teste de gravidez e de mediação
de abortos nas horas vagas, tem mulheres que trabalham para ele num
pequeno sindicato, para ampliar a sua área de arrecadação.
Geralmente este homem é um farmacêutico comum durante o dia, e à
noite agente de aborto. Enquanto havia receitas durante ó dia, suas
mulheres no East London e Essex estão arranjando abortos para a sua
"empresa".
Nos jornais locais aparecem anúncios que dão diversos números de
telefone que podem ser usados, dependendo do bairro em que se mora,
para testes de gravidez.
Telefonamos a um dos números e fomos atendidos por uma dona de casa
que estava trabalhando para o farmacêutico como agente, à base de
comissão. Damos a seguir as palavras do seu diálogo com Sue:
A mulher: "Aqui é 5788. . . "
Sue: "Alô, a Sra. poderia me ajudar? Li o seu anúncio sobre
teste de gravidez, esta semana. A Sra. pode me dizer o que devo
fazer?"
A mulher: "Precisamos de uma amostra da primeira urina. Não
precisa ser muito, somente um frasquinho. O frasco deve ser limpo,
completamente enxaguado, sem restos de detergente. A senhora pode
trazê-lo pessoalmente ou mandá-lo pelo correio". Então ela deu o
seu endereço particular.
Sue: "A Sra. tem um consultório ou o que é?"
A mulher: "Não, é uma residência particular".
Sue: "Não há um local mais perto para mim? Eu estou em
Brentwood, Essex, e vi no anúncio que havia três números".
A mulher: "Não, este é o local mais perto". (Lembremo-nos de
que ela é paga à base de comissão). "Um é em Dagenham e o outro
é o do farmacêutico, que faz o teste. Ele mora aqui perto, mas
não está durante o dia".
Sue: "Seria o primeiro número que e tentei, o 590?"
A mulher: "Certo".
Sue: "Mas qual é o número de Dagenham? É mais conveniente para
mim".
A mulher: "Posso lhe dar o número e acho que é na St. George's
Road, mas a Sra. tem que telefonar primeiro para marcar hora.
Além disso, o teste tem que ser trazido para aqui de qualquer modo.
Eu recebo recados para o farmacêutico, como também a pessoa que
está em Dagenham, porque, como disse, ele não está durante o
dia. É ele que faz os testes e nós lhe levamos o material à
tarde".
Sue: "Então a Sra. apenas serve de intermediário para ele, ou
coisa assim, não é verdade?"
A mulher: "Exatamente. Durante o dia eu estou em casa, mas se por
acaso estiver ausente a Sra. pode colocar o material na caixa do
correio, não esquecendo de escrever o seu nome. O frasco deve ser
pequeno, e, repito, não esqueça de escrever o nome".
Sue: "E o pagamento é feito no momento de receber o resultado?"
A mulher: "É- melhor que a Sra. deixe o dinheiro junto com o
frasco e telefone para o primeiro número depois das seis da tarde,
para saber o resultado".
Sue: "Entendo. Não se trata exatamente de um laboratório de
análise, não é verdade?"
A mulher: "O farmacêutico faz o exame em casa, à noite".
Sue: "A Sra. não tem algum folheto, para o caso de eu estar
grávida? Ou a Sra. por acaso pode me ajudar diretamente?"
A mulher: "Não. É o farmacêutico que se encarrega de tudo".
Sue: "Eu levarei o vidrinho".
A mulher: "Então escreva o seu nome no frasco, para que o
farmacêutico saiba de quem é quando a Sra. telefonar para saber o
resultado".
Quando telefonamos para o farmacêutico em sua casa, à noite,
atendeu ao telefone uma garota que gritou: "Papai, é para o Sr."
O pai da menina atendeu ao telefone e Sue disse: "Estou telefonando
por causa de um anúncio sobre teste de gravidez".
Farmacêutico: "Sim, está bem. A Sra. deve estar com um atraso
de pelo menos quatorze dias. E pedimos, antes de tudo, uma amostra
de urina, recolhida pela manhã. Basta um vidrinho cheio. Vou-lhe
dar o endereço... Haverá sempre alguém para o retirar pela
manhã. Se não houver ninguém na ocasião, a Sra. deposita o
vidrinho numa caixa de correio que há no local. Pode telefonar no
mesmo dia para saber o resultado. Custa somente uma libra e meia".
Sue: "Se estiver grávida, o Sr. pode me dar alguma
orientação? Pode me aconselhar um bom médico?"
Farmacêutico: "A maioria deles só gosta de tratar destes casos
até o segundo mês, quando muito, porque no terceiro mês a criança
já está formada. Posso lhe indicar o centro PAS (Centro de
Consulta de Gravidez), é o que há de melhor. Fica na Margaret
Street. São os melhores médicos, e cobram razoavelmente barato.
Para seus serviços profissionais cobram apenas sessenta libras. Se a
Sra. for procurar uma clínica particular, sobretudo na última
fase, vai lhe custar cerca de duzentas libras ou talvez mais".
Sue: "Dinheiro não constitui problema, e eu gostaria de fazer
particularmente e o mais rápido possível".
Farmacêutico: "Bem, são todos médicos particulares: Não
trabalham na Saúde Pública. A clínica do Oxford Circus é uma
organização não-lucrativa. A outra é uma clínica normal e
naturalmente cobra cerca de duzentas libras, creio eu. Não tenho
muita ligação com eles. A maior parte das pessoas que
recomendo... sou farmacêutico, a Sra. entende, e portanto, não
estou realmente interessado neste aspecto do caso. Posso enviá-la à
PAS. . . "
Sue: "E se não me puderem ajudar, quem o Sr. sugeriria?"
Farmacêutico: "Bem. Conheço outra clínica. É na Manchester
Square. Mas, como lhe disse, lá é muito caro. Cháma-se
'World Wide Medical Service' (Serviço Médico Mundial)".
Isso é o que nós queríamos. Já tínhamos encontrado em nossas
pesquisas o "World Wide", e eles nos tinham oferecido gentilmente
um motorista particular, para nos levar a uma clínica de aborto.
Sue: "O Sr. acha que vão cobrar duzentas libras? É muito
dinheiro, não acha?"
Farmacêutico: "Também acho. É muito dinheiro. Anão ser que a
Sra. tente, através do seu médico, na Saúde Pública. (Neste
ponto ele sorriu com certo desprezo). Não lhe vai custar nada...
Mas..."
Sue: "Suponho que é mais difícil".
Farmacêutico: "A Sra. precisa ter bons motivos e razões
sólidas, não é mesmo?"
Por que não? Tínhamos de ter causa justa, de acordo com a Lei do
Aborto.
Farmacêutico: "A Sra. deverá ter razões válidas".
Sue: "E quais seriam as razões válidas?"
Farmacêutico: "Bem. Motivos sociais ou motivos de saúde, ou
coisa assim. Não seriam razões tão fortes, como, digamos, as
exigidas na Saúde Pública. Mas se a Sra. tem uma razão
suficiente. . . se a Sra. não quer mais filhos, ou não está
disposta a ter mais crianças, ou qualquer coisa no gênero... Em
geral basta uma desculpa razoável".
Sue: "Naturalmente eu não quero filhos, doutro modo não estaria
procurando abortar, não é verdade?"
Farmacêutico: "Bem, é verdade. Mas..."
Sue: "O Sr. trabalha em particular?"
Farmacêutico: "Exatamente. Sou farmacêutico e faço estes testes
em casa".
Fornecendo a Sue as razões para abortar que seriam aceitas por
algumas organizações crápulas, o farmacêutico se tornava culpado de
nos levar a violar a lei.
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