A ÚNICA TÁBUA DE SALVAÇÃO

O anúncio no jornal da tarde trazia todos os indícios dos rufiões do aborto. Perguntava: "Grávida e Desesperada?" e dava a resposta: "Então entre em contato conosco, que lhe oferecemos ajuda prática". Era o mesmo tom de linguagem aliciante dos agentes de aborto.

Litchfield telefonou ao número indicado no anúncio e se apresentou como marinheiro que acabava de chegar de licença e descobriu que sua namorada estava grávida de cinco meses.

Atendeu ao telefone uma mulher, que disse com voz melosa: "Alô, aqui é 'Lifeline' (Tábua de Salvação)".

E a conversa continuou:

Litchfield: "Boa tarde. Gostaria de saber se vocês podem me ajudar. Sou da Marinha e acabo de chegar de licença e tive a surpresa de encontrar a minha namorada grávida. Parti .no começo de agosto. Vi o anúncio de vocês no Evening Standard".

A mulher: "Então sua namorada está grávida de cinco meses? O Sr. sabe se ela consultou algum médico?"

Litchfield: "Acho que não. Mas ela fez um destes testes. Ela está realmente grávida, mas não quer ir a seu médico".

A mulher: "Diga-me, ela mora em Londres?"

Litchfield: "Na periferia".

A mulher: "Será que ela não gostaria de vir até aqui, ou telefonar para que pudéssemos ajudá-la?"

Litchfield: "Ela é um pouco tímida, mas posso convencê-la a telefonar. Ela achava que era uma boa idéia que eu entrasse em contato com vocês, primeiro".

A mulher: "Naturalmente podemos ajudá-la. Qual é a sua ocupação? Trabalha fora?"

Litchfield: "Trabalha".

A mulher: "Mora na casa dos pais?"

Litchfield: "Não, não mora com os pais. Mora sozinha".

A mulher: "o Sr. acha que ela nos vai telefonar para tratarmos do caso e ver o que podemos fazer? Ela deverá naturalmente consultar o seu médico para receber assistência pré-natal".

Litchfield: "Quer que eu lhe peça que venha aqui ao telefone?"

A mulher: "Claro, será ótimo".

Sue continuou a conversa.

A mulher: "Alô. Seu namorado já esteve falando do seu caso. Já consultou um médico?"

Sue: "Não. Esperei que meu namorado voltasse. Fiz um teste de gravidez e deu positivo".

A mulher: "E o que acha disso o seu médico? Você sente os sintomas de gravidez? Está ficando pesada? Então está grávida de cinco meses, ou talvez caminhando para o sexto. Está trabalhando agora? Onde é que mora? O que acha de ter um filho?"

Sue: "Bem, sou solteira".

A mulher: "Bem, veja: a criança deve nascer dentro de três meses. Você deve fazer tratamento pré-natal. Isso é muito importante. E se não quiser a criança e consentir que ela seja adotada, a coisa é muito fácil. Que acha?"

Sue: "Não posso fazer outra coisa?"

A mulher: "Não há nada a fazer, porque essa criança... Escute: já sentiu a criança se mexer?"

Sue: "Acho que sim".

A mulher: "Com certeza. Está vendo? Já está um meninão".

Sue: "Mas não poderia abortar?"

A mulher: "Não seria mais um aborto agora, porque já há uma criança que talvez pudesse viver fora do útero. É quase uma criança viva. Se você pudesse vir aqui falar conosco, poderíamos arranjar para você um lugar longe de onde você mora e tratarmos de adotar a criança, se você quiser. Depende só de você. Por que não fala com o seu namorado e vem fazer-nos uma visita na Victoria Street n. 39, perto da estação James's Park do metrô, em Londres? A propósito, como se chama? Basta o primeiro nome se não quiser dar o nome completo. É tudo confidencial, ninguém vai dizer nada a ninguém. Mas eu acho que você tem que resolver isto logo, e resolver se quer ficar com a criança ou permitir que seja adotada. Se quiser afastar-se do lugar onde mora podemos providenciar outro médico".

Desta vez, graças a Deus estávamos enganados. O anúncio não era uma isca lançada pelos abortadores. Foi o primeiro e o único serviço de consulta de gravidez autêntico que encontramos durante toda nossa pesquisa.


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