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Muitos dos médicos que se enriquecem na indústria britânica do 
aborto são, na melhor das hipóteses, personalidades dúbias, 
moralmente frágeis. Há alguns que foram expulsos ou suspensos das 
suas associações médicas, na Inglaterra ou em outras partes do 
mundo. Alguns continuaram a trabalhar ilegalmente depois da 
penalidade. 
 
Outros, que se reintegraram depois da suspensão punitiva, só 
encontraram trabalho no setor do aborto. A verdade é que o aborto 
privado representa- o que há de mais- baixo na profissão médica. 
Atrai os imorais e os incompetentes, porque, entre tantos, eles são 
os únicos que estão dispostos a sujar as mãos e as almas com esta 
sórdida cirurgia. 
 
Muitos médicos escolheram a profissão com ideais altos e nobres de 
salvar vidas humanas. O aborto, sendo a destruição deliberada da 
vida humana, é portanto contrário e diametralmente oposto a tudo o 
que eles amam e estimam. Para eles é algo abominável do ponto de 
vista político, médico e moral. Porém, alguns se deixam 
corromper: uns são expulsos da associação, outros renunciam às 
suas ambições e outros ainda, imitando Fausto, se atiram com avidez 
sobre o dinheiro. 
 
Num momento ou outro, durante a sua carreira, muitos médicos do 
setor privado do aborto comprometeram seus ideais e sua ética. 
 
Pode-se compreender o médico pobre que, achando difícil encontrar 
trabalho, recorre, como último recurso, ao aborto. Pode-se 
compreender o médico que foi expulso da sua associação, o qual, 
depois de reintegrado, vê o aborto como a porta dos fundos para ser 
readmitido à prática da medicina "legítima". Podemos 
compreendê-los, mas não os podemos perdoar. Condenamo-los, 
embora saibamos que existem circunstâncias atenuantes. 
 
Mas é preciso ter muita caridade para poder perdoar os ginecologistas 
que se corromperam por amor ao dinheiro. Médicos talentosos, que 
poderiam estar salvando vidas humanas de acordo com a sua vocação, 
pelo contrário, se tornaram participantes não passivos, mas 
ativíssimos, da febre assassina que liqüida todos os dias, sem 
consciência e com premeditação, a vida humana. 
 
Muitos deles, não fazem outra coisa senão matar diariamente. Já 
faz parte da sua profissão matar, todos os dias, há oito anos. A 
morte se tornou parte da sua personalidade e do seu instinto. Há 
ginecologistas que se esqueceram como se traz à luz do mundo uma 
criança viva. Só vêem crianças mortas, aquelas que eles mataram, 
quando o coraçãozinho já estava batendo e o cérebro funcionando. 
 
Existe ainda aqui outro risco, isto é, de estarmos criando uma 
mentalidade assassina .de homens que vêem a cirurgia como uma forma de 
carnificina. Sentimos dificuldade em imaginar a cena doméstica da 
volta destes médicos ao seio de suas famílias, no fim de um dia de 
"trabalho". Talvez a sua mulher, diante das filhos, lhe pergunte: 
"Teve um bom dia de trabalho, meu bem?" E o marido, sorrindo, 
responde: "Um dia regular, querida. Mandei para o incinerador 
trinta crianças. Um dia normal. Existem dias melhores". E a 
mulher, como que confortando-o: "Não se preocupe, querido, 
amanhã será melhor". 
 
Entrevistamos um médico que estava trabalhando para uma das 
organizações "beneficentes", depois de ter sido suspenso da sua 
profissão por indignidade. Este médico chama-se Dr. Gilbert 
Dalley, proprietário da Fawkham Manor, uma clínica situada perto 
de Dartford, no Kent, a qual ele vendeu ao "British Pregnancy 
Advisory Service". 
 
Então o BPAS tinha dado emprego ao Dr. Dalley, depois da sua 
suspensão. Uma das pessoas mais influentes do BPAS, a cheia de 
saúde e belicosa Sra. Nan Smith, nega veementemente saber que o 
Dr. Dalley estava suspenso quando ela o empregou na clínica de 
Liverpool. A Sra. Smith afirma que só teve conhecimento da ficha 
do Dr. Dalley, em que constava a sua desonestidade profissional, 
depois que ele deixou a sua organização. Naturalmente, não estava 
suspenso na ocasião em que trabalhava para ela em Liverpool. 
Entretanto, depois de tomar conhecimento dos seus antecedentes, o 
BPAS resolveu entrar em entendimento com ele e comprar-lhe a 
clínica, a Fawkham Manor. Depois da compra, o BPAS solicitou 
uma licença para praticar abortos na Fawkham Manor, com grande 
horror e escândalo dos habitantes da região. 
 
O Dr. Dalley foi suspenso em novembro de 1970, depois de ter 
sido declarado culpado de "graves irregularidades profissionais" por 
ter oferecido seus serviços de abortados a, mais ou menos, oitenta 
médicos da Alemanha Ocidental. Foi também condenado por ter 
afirmado falsamente que a sua clínica tinha licença de praticar 
aborto. Por ocasião de sua suspensão, ele disse: "Pelo menos os 
pacientes que procuram a Fawkham Manor são recebidos como seres 
humanos. Se não fosse para abortos, eu não poderia ter mantido 
aberta esta clínica". 
 
Assim o BPAS comprou uma clínica em que se faziam abortos 
ilegais. A Sra. Smith nos disse categoricamente que o Dr. Dalley 
não tinha nada em absoluto com a clínica, porque ela era de 
propriedade do BPAS. Quando entramos em contato com o Dr. 
Dalley, ele estava morando numa casa de campo, bem na frente da 
Fawkham Manor e ia freqüentemente lá, nós o vimos, em numerosas 
ocasiões, inspecionando os trabalhos de reforma que estavam sendo 
realizados. 
 
Naquela ocasião, chegou à localidade em que está situada a Fawkham 
Manor,. um senhor chamado Ronald Shaw. Agora o Sr. Shaw é o 
proprietário da clínica de aborto, a "London Private Nursing 
Home", de Langham Street, em .Londres, à qual Sue tinha sido 
enviada para ser submetida a uma intervenção, depois da entrevista 
com a Sra. Sue Maxwell, do Serviço de Consultoria de Gravidez, 
de Lancashire, Quart, também de propriedade do Sr. Shaw. 
 
O Sr. Shaw tem uma vasta gama de negócios, além da indústria do 
aborto: estacionamentos, companhias para estudo de controle 
demográfico, agências de cantores "pop", artistas de teatro e 
escritores. Quando perguntamos à Sra. Nam Smith se havia alguma 
relação entre a sua organização e o Sr. Shaw, ela respondeu: 
"Não, não há nenhuma. Ele nos fez algumas propostas, certa 
ocasião, mas eu lhe respondi que não via nenhuma possibilidade de 
nossas duas organizações se unirem". 
 
Portanto, a residência do Sr. Shaw, a poucas centenas de metros 
da Fawkham Manor, era uma pura coincidência, nós lhe perguntamos. 
Ela respondeu-nos: "Pura coincidência. Ele nos perguntou se 
queríamos que nos ajudasse conseguindo bons operários para as obras de 
reforma, porque sabia que estávamos tendo problemas com as 
obras..." 
 
A clínica de propriedade de Shaw era a famigerada "Langham Street 
Clinic", que no tempo do proprietário anterior tinha sido fechada 
pelas autoridades. O Sr. Shaw comprou a clínica e conseguiu uma 
nova licença. Mudou também o nome para "London Private Nursing 
Home, Ltd.", embora tenha mantido o mesmo telefone da "Langham 
Clinic". Muitos dos médicos que trabalhavam antes na clínica 
continuaram. 
 
Quando entramos em contato com o Dr. Dalley, fizemo-lo sob o 
disfarce de pessoas de negócio. Mostramos interesse em entrar para a 
indústria do aborto na Inglaterra. 0 diálogo seguinte é a conversa 
gravada entre o Dr. Dalley e Litchfield: 
 
Litchfield: "Suponho que é muito melhor comprar um edifício já 
construído do que começar tudo do nada. Não acha?" 
 
Dr. Dalley: "Bem! Há muitos aspectos que devem ser levados em 
consideração. Veja, por exemplo, o BPAS não obteve ainda 
licença para a construção da Fawkham Manos". 
 
Litchfield: "Pensava que já tinham licença". 
 
Dr. Dalley: "Acho que não têm. Houve certa oposição local. 
Estou quase certo que não conseguiram ainda a licença. 
Provavelmente a obterão. A situação de hoje é esta, creio". 
 
Litchfield: "Segundo a sua opinião, qual é a região melhor para 
se abrir uma clínica de aborto: o centro ou o norte? Seriam regiões 
melhores do que o sul?" 
 
Dr. Dalley: "Talvez. Mas, para ser franco, não tenho 
experiência própria nestas áreas. A questão é que ali também há 
grandes centros populacionais e alguns deles pelo menos têm talvez 
quase mais dinheiro do que Londres, quero dizer, dinheiro de 
paciente. Londres tem a vantagem de ser a capital e de atrair muita 
clientela estrangeira e as outras áreas têm que depender dos pacientes 
locais. E quanto a . se conseguir uma licença, hoje há muito mais 
facilidade do que antes. De fato, poder-se-ia até pensar que há 
exagero neste ponto. Como nos hotéis, há sempre grande quantidade 
de leitos disponíveis". 
 
Litchfield : "Portanto, no sul seria uma espécie de briga de 
foice". 
 
Dr. Dalley: "Realmente. Há sempre uma ou duas organizações 
que fazem concorrência oferecendo preços mais baixos. Fazem-se 
muitos descontos". 
 
Isto significa realmente reduzir a vida humana a nível de 
supermercado: vidas de bebês em oferta especial, "prêmios a quem 
nos der a preferência -de assassinar o seu filho..." 
 
O Dr. Dalley retomou a conversa: "É uma situação que vem 
perdurando há seis meses. Acho que seria muito arriscado abrir agora 
uma clínica, porque acredito que o mercado não vá melhorar. Está 
firme em cerca de duzentos a trezentos mil abortos por ano". 
 
Este número é mais elevado do que o fornecido oficialmente pelo 
governo, porém é provável que seja mais exato. È sabido de todos 
que a sonegação do imposto de renda é uma das principais corrupções 
da indústria do aborto. Milhares e milhares de formulários oficiais 
de aborto de cor verde são destruídos, em vez de serem preenchidos e 
devolvidos ao Ministério da Saúde. Portanto, o número real de 
abortos por ano na Inglaterra é uma mera estimativa aproximada. 
 
Os formulários referentes aos abortos praticados em mulheres 
estrangeiras são facilmente eliminados, porque assim as clínicas 
correm menos risco. 
 
"A questão é saber se já existem bastantes leitos para fazer frente 
às necessidades", disse o Dr. Dalley. "E com todos estes 
descontos..." 
 
Litchfield: "Valeria a pena abrir uma clínica de luxo?" 
 
Dr. Dalley: "Nem pense nisto. Todos preferem livrar-se dos seus 
problemas pelo menor preço". 
 
Litchfield: "Do ponto de vista comercial, é melhor ficar escondido 
atrás do pano e colocar algum expoente da medicina como testa de 
ferro?" 
 
Dr. Dalley: "A minha impressão é que se dá exatamente o 
contrário. Tenho experiência aqui. Quanto me lembro, eles 
preferem, bem, é conclusão minha, eles preferem conceder licenças 
a outros que não médicos. Naturalmente, temos de contratar médicos 
para fazer o trabalho. Mas parece que preferem que os organizadores 
não sejam médicos. 
 
Vendi, a Fa\vkham Manor. Ainda estão fazendo modificações, 
mas, quanto eu saiba, não conseguiram ainda licença. Nunca teria 
pensado que eles encontrariam dificuldade em consegui-Ia, mas parece 
que as coisas não estão indo tão depressa. Parece que eles vão 
levar a coisa para a frente, mesmo sem a licença. Também têm sido 
muito prepotentes com quase todo mundo. 
 
Parece que pensam que têm um direito divino e todo mundo é obrigado 
automaticamente a seguir os seus desejos. São muito expansionistas. 
É administrada por esta senhora chamada Nam Smith, que tem seu 
quartel-general em Birmingham. Possui também outras clínicas em 
Brighton, Leamington Spa e Liverpool". 
 
Lítchfield: "E dão lucro?" 
 
Dr. Dalley: "Com certeza". 
 
Litchfield: "Os preços deles são baixos?" 
 
Dr. Dalley : "São baixos com referência aos médicos. Mas não 
na parte administrativa ou dos funcionários. Sim. Estão fazendo 
descontos. Além disso, existem também os espertos que se apresentam 
como entidades de beneficência e não pagam imposto (deu uma 
risada). Estão muito bem, muito bem. A Sra. Smith trabalha o 
tempo integral. Não é médica. É uma mulher que gosta de 
projetar-se como alguém que tem uma missão a cumprir. Ela realmente 
gosta é de `ser chefe'. 
 
É uma pessoa muito agradável. Você pode procurá-la, mas ela vai 
considerá-lo, com toda certeza, como um concorrente. Quero dizer, 
provavelmente procurará comprá-lo, ou coisa parecida. Poderia 
dizer: 'Você se apresenta como meu concorrente. Bem, eu reduzo os 
meus preços até levá-lo à falência e depois assumo o seu 
lugar...' Ela acha que está nas boas graças de certas pessoas 
colocadas em altos postos, de modo que todo mundo tenha de pedir-lhe 
favores". 
 
Alguns médicos, com os quais conversamos, falaram de dinheiro que as 
clínicas estavam pagando por debaixo do pano. Estes subornos são 
considerados como parte inevitável do mercado de aborto, como 
aconteceu durante muito tempo no campo da construção civil, em que o 
relacionamento com as autoridades locais deve incluir as propinas para 
os funcionários. Isto não é novidade na indústria da 
construção. É, algo aceito, de há muito, pelas pessoas do ramo. 
 
Os abortadores estão começando a falar mais abertamente das propinas 
no seu ramo de negócio. E ninguém, naturalmente, pode ficar 
surpreendido com o fato. Onde há lixo há sempre dinheiro sujo. A 
propósito, nenhum dos médicos que me revelaram fatos sobre subornos, 
trabalhava para o BPAS. 
 
Quando perguntamos à Sra. Smith se desejava falar conosco a 
respeito das coisas que descobrimos em relação à BPA.S, ela nos 
disse (como se deixa ver pela gravação): "Somos uma entidade 
beneficente. Temos orgulho da nossa organização. Temos orgulho do 
trabalho que realizamos. Não visamos fins lucrativos, e nenhuma das 
pessoas que trabalham conosco o tem". 
 
Isto é distorcer a verdade. Grande quantidade de dinheiro vai para 
os bolsos dos médicos e dos administradores. "Se alguma coisa não 
funciona em qualquer uma das filiais de minha organização, estou 
pronta e disposta para assumir toda a responsabilidade". 
 
Referindo-se ao Dr. Dalley, a quem deu emprego depois de ter sido 
suspenso, ela disse: "Tudo o que sabia sobre ele é que era um 
cavalheiro que nos pedia um emprego. Nós o empregamos. 
Apresentou-se a nós como cirurgião alguns tempos atrás. Trabalhou 
numa de nossas clínicas em Liverpool, por algum tempo. De fato, 
só depois que deixou de trabalhar para nós é que fomos informados 
sobre a sua pessoa". 
 
Perguntamos-lhe: "E ele poderá trabalhar para a Sra. 
novamente?" 
 
"Agora não, embora já tenha trabalhado para nós", disse ela. 
 
Voltamos ao assunto do Sr. Shaw, proprietário da fábrica de 
dinheiro, que é a Langham Clinic, que está bem no coração da 
área dos abortos particulares mais lucrativos. Depois de ter pensado 
um pouco respondeu: "Este nome não me é estranho. Não me lembro 
onde o tenha ouvido antes, finas eu o conheço". 
 
Litchfield procurou ajudar a sua memória. 
 
"Ah! lembro-me agora de quem é o Sr. Shaw", exclamou ela de 
repente. "O Sr. Shaw é a pessoa que administra a Langham 
Clinic. Não sei nada a respeito dele. Estive na Langham Clinic. 
Eles me ofereceram essa clínica; fui vê-Ia, examinei-a e achei 
que não era conveniente para as nossas finalidades. Não a compramos 
porque achamos que era completamente inadequada para nós. Temos 
clínicas muito melhores do que essa. 
 
O Sr. Shaw depois nos telefonou, perguntando se nos poderíamos 
unir. Respondi-lhe que não havia possibilidade de nossa 
organização ter nenhuma ligação com a dele. É tudo o que eu sei 
sobre o homem. Ele disse que íamos ter grandes dificuldades com as 
reformas de Fawkham Manor. Tivemos. Quis ajudar-nos porque morava 
perto de nós. E é tudo o que eu sei a respeito dele. Não quis 
nada com a sua organização, porque não é uma entidade beneficente 
como somos nós". 
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