VII

CONCLUSÃO



É impossível passar em revista o mundo do aborto e não tirar disso certas convicções, a não ser que a pessoa seja completamente insensível.

Um dos aspectos mais pavorosos e alarmantes de todos é o fato - admitido por todos os que trabalham na indústria do aborto - de não saberem nunca em quem estão fazendo intervenção. Admite-se e tem-se quase como certo, que a paciente está dando nome e endereço falsos. No setor privado, nunca verificam a veracidade dessas informações. A ficha médica da mulher também não tem a menor importância. Eles não a conhecem, nem sequer a vêem. Portanto fazem operações em mulheres para as quais a intervenção pode ser perigosa. A mulher pode morrer e d cirurgião não sabe quem matou. Mais importante ainda é o seguinte: a mulher volta para casa depois do aborto, e dado que o médico da família não foi informado sobre a operação, esta nunca será registrada na sua ficha médica. Isso significa que se ocorrerem efeitos posteriores - mentais ou físicos - como resultado do aborto, o médico da família ou o psiquiatra não terá nenhuma possibilidade de chegar à sua causa, porque esta não consta na sua ficha clínica. Uma mulher grávida com um pouco de dinheiro não tem necessidade de pedir aborto. O seu maior problema é resistir e não deixar que o aborto lhe seja imposto.

Encontramos um motorista de táxi que trabalhava para as agências de aborto. Falou-nos de agências que têm livros negros com nomes e endereços de mulheres estrangeiras, sobretudo francesas e alemãs que passaram por suas mãos antes de chegarem às fábricas de aborto.

"Uma vez ou duas", disse um destes intermediários, "tive de ir à Alemanha para fazer com que algumas mulheres ficassem quietinhas e não falassem nada. Algumas destas agências fazem também chantagens, o que lhes dá muito lucro. Não permitem jamais que as mulheres - estou falando das estrangeiras - escapem da sua garra. Sabemos que o aborto é ilegal na Alemanha. Se uma alemã faz aborto na Inglaterra, pode ser perseguida quando voltar para a Alemanha. Por isso a agência a controla como quer. Ameaçam-nas de contar às autoridades ou, quando casarem, de contar tudo ao marido. Algumas mulheres continuam a pagar a vida toda".

O Relatório Lane, que já conhecemos, fez uma tímida sugestão no sentido de que o tempo-limite para o aborto seja reduzido de um mês: de vinte e oito para vinte e quatro semanas. A diferença seria pouca, em nossa opinião, ainda que o limite fosse reduzido a duas semanas. Como disse uma "conselheira": "Podemos sempre alterar as datas. Quem poderá dizer com precisão, se a única prova está no incinerador?"

Naturalmente, era impossível realizar uma pesquisa desta natureza sem despertar dentro de nós problemas muito vitais, pungentes e pertinentes do ponto de vista moral. Concluímos que se pode ser provado que o feto está vivo, então moralmente o aborto é um homicídio. Não podemos compactuar ou ter áreas indecisas, pouco definidas, neste assunto.

Não se pode falar dos direitos da mulher, se estes direitos consistem em tirar a vida de um ser humano, uma entidade distinta. Não se pode dizer que o feto depende da mãe para sobreviver. Todos nós, qualquer que seja a nossa idade, dependemos de outros seres humanos para sobreviver. Também a criança de dois anos não pode sobreviver sem a ajuda de sua mãe. O ancião de oitenta anos não pode sobreviver sem a ajuda e o apoio das pessoas de menos idade. Poderão, por acaso, ser eliminados? Claro que não!

A contracepção é a prevenção de uma concepção, isto é, da criação de uma nova vida. O aborto é a destruição deliberada e a sangue frio de uma vida já criada. Esses dois problemas nunca devem ser confundidos.

O mundo da medicina já definiu a morte como o momento em que cessa toda atividade do cérebro. É portanto lógico que quando existe atividade cerebral deve haver vida.

E a atividade cerebral começa no nascituro na segunda semana depois da concepção, através do sistema nervoso...

O problema, chegamos à conclusão, é que a palavra feto não exprime comunicabilidade: parece que é uma coisa inanimada. Muitas vezes ouvimos falar de feto como de "uma massa de gelatina". Longe disso: o feto é uma fase do desenvolvimento do ser humano. Não deve ser considerado de maneira diferente da adolescência, da idade adulta ou da infância, que são fases da mesma existência humana.

Ninguém diz que uma criança de dois anos é menos humana que um adulto, porque muitas das suas faculdades físicas e mentais devem ainda chegar à maturação. Não se mede a vida em centímetros e metros, em formas e tamanhos. O ar está cheio de formas de vida, e ninguém nega a sua existência apesar de serem muito pequenas para serem vistas a olho nu. Realmente, afirmar que o feto tem apenas alguns centímetros em certa fase da gravidez é tão irrelevante como dizer que uma criança de dois anos tem menos de um metro.

E daí?

Uma vez aceito que o nascituro é um ser vivo, o argumento se torna claro. Os psicólogos são constantes em afirmar que os ávidos partidários do aborto têm tendências fascistas. Isto ficou bastante claro durante a nossa pesquisa, e ressalta igualmente de alguns capítulos deste livro. A eliminação seletiva - que é o aborto - e a reprodução seletiva eram idéias fixas de Hitler.

Quando uma mulher vai fazer aborto, contrata um assassino, um assassino profissional que desmembrará o seu filho e o jogará num balde, em troca de um punhado de dinheiro, nem sempre muito grande. Até a Máfia tem mais escrúpulos.

O aborto só poderá prosperar num clima em que as mulheres foram cegadas diante da verdade. Os adeptos do aborto sabem que só devem falar em fatos concretos e indiferentes e em cifras, e evitam tudo o que se refere a emoção. Sabem muito bem que, se a mulher tiver consciência de que o que está dentro dela está vivo, que é realmente uma criança, sentirá com certeza repugnância de assassinar sua própria carne.

Naturalmente, a mulher deve gozar da maior liberdade, quanto à disposição do seu corpo. Assim como os homens. Mas a liberdade no que se refere ao próprio corpo tem um limite: não interferir na liberdade do outro, não ameaçar a vida de outro ser humano. Não é suficiente que a mulher diga que não pode suportar. Não dizemos que uma mulher com seis filhos tem o direito de matar dois deles, porque é difícil criar a todos.

O útero da mulher é uma incubadora. Imagine-se o escândalo que resultaria se num hospital se matasse uma criança desligando a energia de uma incubadora, sob o pretexto de que a eletricidade é do hospital e portanto os proprietários têm o direito de interrompê-la à vontade. .

O aborto é a retirada física de uma criança da sua incubadora natural. O aborto é, além disso, a filosofia do reacionário e não daquele que quer libertar. Finalmente, o aborto é feito em proveito do homem e não da mulher. Através dos séculos são sempre os homens que obrigam as mulheres, contra a sua vontade, a se entregarem aos abortistas. O aborto é o veículo que facilita o homem a fugir das suas próprias responsabilidades.

O raciocínio de que reformar a Lei inglesa do Aborto, de 1967, contribuiria para que as mulheres recorressem a abortistas clandestinos é um mero pretexto. Se alguma coisa está errada, não é legalizando-a que se vai impedi-Ia. Não legalizamos os assaltos para diminuir as estatísticas criminais. A resposta não é legalizar o aborto, mas agir com maior rigor contra os "aborteiros" clandestinos. Naturalmente, o aborto poderá ser lícito quando houver causa verdadeira de vida ou de morte. Causas determinadas pelos médicos. Porém as iníquas "cláusulas sociais" devem ser eliminadas.

Quando existia na Inglaterra a pena de morte, nenhuma mulher grávida poderia ser executada, porque era imoral tirar a vida de um inocente, que era seu filho.

O nascituro, de acordo com a lei, sempre foi considerado um membro vivo e distinto da sociedade. Ainda não nascido, mas vivo. É, neste ponto que muitas opiniões sobre o assunto são distorcidas. Os mesmos políticos que achavam repugnante executar uma mulher grávida votaram a Lei do Aborto. Tal é a falta de lógica, tal é a incoerência do ser humano!


[ Volta ] [ Índice ] [ Continua ]